Primeira Carta – Panapaná de Borboletas Azuis

Meu caro amigo,

 

Há dois dias que não vejo mais panapaná de borboletas azuis claras infestando meu quarto, a sala e a cozinha aqui de casa. Não é uma ótima notícia?

Graças ao Dr. Albieiro, estou tomando doses bem menores de Valium (e acho que isso tem contribuído pro sumiço das borboletas) e ele também disse que estou tendo progresso significativo em minha recuperação.

Quanto a Sofia… bem… faz um mês que eu e ela terminamos. Na verdade eu a espantei com meus surtos psicóticos e tentativas de suicídio. Eu não a culpo por isso, até entendo, afinal, quem suporta ficar muito tempo ao lado de um maluco? Fiquei muito chateado no começo, mas o Dr. Albieiro me recomendou que continuasse a escrever e que isso me ajudaria a superar essa perda. E é isso o   que eu venho fazendo ultimamente. Eu a amo, gosto muito dela e nesse momento até acho bom que ela fique distante de mim. Não quero que ela se machuque, você entende? Bem, como costumam dizer por aqui, vida que segue.

Recebi o seu presente. 10 X 10.000 vezes obrigado! amo Kafka! Não sei por que algumas pessoas insistem em afirmar que Gregor Samsa se transformou em uma barata sendo que em nenhum momento do livro você encontra a palavra “barata”. O autor apenas diz que Samsa se transformou em um inseto grotesco. Acho que por isso a relação com a barata.

Bem, meu caro amigo, vou ficando por aqui. Mande lembranças minhas a Raquel. E a Catarina? Deve estar bem grandona… Espero que tudo esteja bem com vocês.

Um grande abraço do seu amigo que muito te estima,

F.O.

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